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Prison Break - Grindr Style

sábado, 15 de abril de 2017


Dizia-me a minha avó, "quando não tens nada de jeito para dizer, mantém-te calado"

E foi o que fiz, fiquei na minha até me apetecer vir partilhar as minhas aventuras e desventuras por aqui.

Encontrámo-nos como dois bons católicos tementes a Deus na sexta feira santa, no grindr, prontos a celebrar o corpo.
Não o de cristo, só para clarificar.
Ele sarado moreno e importado das américas, Eu do Alentejo, branco que nem uma lula, mas com mais fogo que um braseiro num acampamento cigano, por isso a equação acabou por se balançar organicamente.
Fomos para a pequena pensão onde o rapaz estava alojado e comprovou-se a teoria de que os latinos são efetivamente fogosos.

Depois de muita comemoração pascal, acomodei-me para dormir.
Como sou uma princesa, aparentemente, não consegui pregar olho, afinal estávamos a 50 metros de uma discoteca com uma insonorização tão eficiente como usar se preservativos com o espírito santo, e cada vez que tentava dormir ouvia as meninas do "woooo" ao fundo acompanhadas de relaxantes batucadas techno.

Vesti as calças e desisti de procurar os boxers - que estariam algures num remoinho de lençóis e roupa jogada pelo chão - , despedi-me do rapaz, disse que falaríamos depois e dei a noite por terminada, descendo para o lobby da pensão pronto para recobrar energias na minha silenciosa e acolhedora cama, em casa.

Desço para o lobby pé ante pé, rezando para não encontrar ninguém todo descabelado durante a madrugada, rodo a maçaneta da porta de saída, e ela continua no lugar.
Carrego num botãozinho ao lado da porta, e volto a rodar, e ela volta a não se mexer um milímetro.

A porta está trancada.
A porta do lobby da pensão onde eu não estou alojado está trancada.
A porta do lobby da pensão onde eu não estou alojado e fui dar uma foda está trancada.
A porta do lobby da pensão onde eu não estou alojado e fui dar uma foda está trancada e são quatro da manhã.


E começo a analisar todos os arredores, a tentar descobrir como sair da situação.
Nenhuma espécie de aviso a informar os hóspedes, todas as luzes apagadas, e eu só no lobby às voltas a pensar nas minhas escolhas de vida, até dar de caras com uma janelinha.
Então, pelas quatro da madrugada sem cuecas, suado e descabelado, a agradecer aos santinhos a minha permanência insistente no ginásio, lá vou eu trepando a janela da pensão de dentro para fora, para conseguir sair sem acordar ninguém.

E são quatro da manhã aterro num canteiro, sentindo-me um ginasta olímpico medalhado, olho para cima e reparo que a merda da pensão tem câmaras de vigilância, câmaras essas que provavelmente videografaram a minha triunfal saída para a posteridade - e no pior dos casos para a GNR.


Como é bom ser solteira <3


Forever Alone

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Resolvi dar um tempo aos homens, depois da última miserável tentativa falhada de encontro, que acabou em casa sozinho com um sundae de caramelo acompanhado pelo familiar xvideos.
Resolvi expandir o meu círculo pessoal, afinal, amigos e zeros à direita na conta nunca são demais, e sempre era interessante ter mais algumas pessoas com quem tomar uns cafezinhos e desdizer a humanidade num geral.
Conheci um rapaz, aqui das redondezas, num grupo de facebook, e fomos falando durante uns meses.
É simpático, vive com o namorado e o cão - só para reforçar a ideia de que não tencionava abrir as minhas pernas mais depressa que as portagens da 25 de Abril - e tínhamos conversas divertidas e despreocupadas, como pessoas normais têm.
Passados uns meses, ele fez anos, e convidou-me para a festinha, com alguns amigos de longa data dele, que eu pensei - como qualquer pessoa pensaria - tornar-se-iam no mínimo meus conhecidos regulares.
Claro, o cosmos, observando-me na sua cadeira forrada a veludo com as suas unhas de acrílico púrpura e o seu infinito sentido de humor negro, resolveu vetar a ideia.

Então, chegado á festinha de aniversário, depois de alguma conversa fiada e um jarrinho de sangria, começo a ouvir um nome familiar, ocasionalmente mencionado..
Apercebo-me então, que o rapaz com quem ando a falar há meses, é não só conhecido - coisa que eu suspeitava - , como o melhor amigo de um ex-coiso meu, com quem saí uns meses.
E que aquele grupo selecto de amigos, era o grupo de amigos do meu ex coiso.
E que metade da noite foi passada a mencioná-lo.
E que provavelmente já toda a gente sabia disso.
Menos eu.

Então, qual alcachofra socialmente inadaptada que sou, ingeri o meu peso em álcool e adormeci no sofá, com a ligeira sensação que provavelmente nunca mais ia ver aquelas pessoas outra vez.
Uns dias depois, o meu ex-coiso reaparece das cinzas do silêncio, porque me viu na costumeira selfie do jantar, e quis saber muito - pouco - discretamente o que se passava, como se estivéssemos novamente no ensino médio e eu estivesse a tentar roubar-lhe o grupo de amigos, uma espécie de back off bitch muito cheio de "lols" e "tudo bem" .
Quem precisa de amigos não é verdade?
Tenho chocolate.
E netflix.
E xvideos.

Viver em casa dos progenitores, tem milhões de prós.
De entre os muitos que há, dou especial destaque a toda a falta de privacidade - afinal, quem precisa de privacidade - que se materializa diversas vezes aos ataques aleatórios de stepford wife arraçado de agente da divisão de controlo de narcóticos da minha mãe, que amavelmente me revista e reograniza todo o interior do quarto sem aviso prévio.

Como tal, toda a tarefa de ter preservativos por casa sem lhe causar uma arritmia cardíaca que despoletará o possível questionário ao nível do FBI - Como só as mães sabem fazer - sobre onde é que eu ando a gastar preservativos de sabor a morango, é bastante mais difícil do que possa parecer.
Como insisto em exercer esporadicamente o meu direito ao orgasmo, tive que me desenrascar.
A ideia que me pareceu mais lógica de há uns anos para cá, foi pegar num dos meus 20 e poucos casacos - não julguem - e nomeá-lo como "o casaco dos preservativos".

E é a esse feliz contemplado que calha o fardo de carregar tudo o que é preservativo que eu tenha à disposição, para uma altura de aperto, porque ninguém perde tempo a revistar casacos só porque sim.
Ora, tudo isto pareceu uma ideia genial e correu às mil maravilhas, até há uns dias atrás.

Resolvi ir comprar o almoço, uma coisinha leve e saudável e tal.
Vesti o meu biker jacket, e aquelas calças que por pacto demoníaco ou tecnologia inovadora deixam que o meu rabo pareça um poster dos boxers da armani, todo trabalhado na sensualidade, num daqueles dias em que acordamos a pensar que o mundo é um buffet, á espera de ser comido.

Comprei umas courgettes, uns pepinos e umas cenouras - por algum motivo a minha lista de compras estava um tanto ao quanto fálica naquele dia - uma embalagem de vaselina e umas bolachas de chocolate, e esbarrei contra o rapazinho mais delicioso de sempre na caixa.

Todo eu sorrisos e piscares de olhos, tiro do cartão para pagar e subitamente uma avalanche de preservativos espalham se pelo chão e pelo tapete da caixa, numa míriade de marcas e variedades, de extra finos a extra lubrificados, em quantidade suficiente para fornecer umas semaninhas o distrito da luz vermelha em Amesterdão.
Juntemos a isto as courgettes cenouras e pepinos e a vaselina - que nem era para mim - , e acho que podemos todos imaginar a minha vergonha, principalmente quando o rapazito se começou a rir da situação enquanto me ajudava a apanhar os ditos bem como os cacos da minha recém estilhaçada dignidade.

Podemos assumir que vou entrar em 2016 solteiro e com muitos preservativos para gastar.
Nada melhor para o espírito natalício colectivo que falar de humilhações pessoais, não é verdade?

Auto estima

sábado, 25 de julho de 2015


Fui sair à noite com um amigo e acabámos por encontrar duas travestis amigas dele - as duas muito simpáticas diga-se de passagem.
Como o cosmos acha que a minha autoestima não anda a ser escoiceada vezes suficientes, fez-me o favor de me deixar assistir de bebida na mão a ver enquanto hordes de homens se faziam ás amigas travas, tiravam selfies, se roçavam loucamente nelas, qual festa da salsicha, lhes pagavam bebidas e ofereciam estadias em hotéis e me ignoravam por completo.
Fiquei a sentir-me como a Zara, em dia de saldos na primark, com a noção que até as travestis têm mais procura de mercado que eu.

Trauma

sábado, 11 de julho de 2015


...É chegar a casa cansado do trabalho, ir buscar uma caneca de água à cozinha, e aperceberes-te que o teu pai está no sofá a ver porno.

Estou a beber água da torneira da casa de banho enquanto escrevo este post barricado no meu quarto a balançar-me lentamente para trás e para a frente na cadeira e a tentar apagar a imagem mental que está para sempre cicatrizada no meu cérebro.

Romance

segunda-feira, 6 de julho de 2015


Dei-te a mão lentamente.
Sentados no carro, com a brisa fresca da noite a entrar pelas janelas, e o teu cabelo a ondular levemente.
Passei te a mão pela cara e semicerraste os olhos, aproximámo-nos e trocámos um beijo, timidamente, e comecei a puxar-te para mim.
Sorriste, e sorri contigo.
A lua brilhava alto no céu, iluminando-nos gentilmente, enquanto os animais na mata sassaricavam enquanto se mexiam pelo escuro, naquele espaço recôndito perto da praia.
...Mas a lua brilhava mesmo muito...demais até.
... Abri a medo os olhos, e encandeei-me.
A lua estava demasiado baixa.

... Afinal, Não era a lua. Era um carro. E também não eram animais silvestres, eram dois agentes da polícia.
"Documentação, por favor Porque é que estão aqui? Podemos revistar o carro?Estão aqui a consumir estupefaccientes?"

Pelo menos não recebo queixas de encontros aborrecidos.
Just saying. 

O "macho"

segunda-feira, 25 de maio de 2015


Diz-se por aí, que se desejares com força suficiente, o universo se encarrega de te enviar aquilo que lhe pedes.
Não me lembro de em lado nenhum no meu caderninho mental de preces cósmicas, de ter pedido homens com sexualidade dúbia.

Aliás, tenho especificamente encomendado um varão 100% gay, que goste de ver filmes aos fins de semana e de me comprar chocolates só porque sim.
E sim, ele é real, e está algures á minha espera, não tentem destruir o meu sonho.
E já fiz a encomenda há imenso tempo, sem receber nada até agora.

Mas o universo. qual estação dos CTT, manda-me sempre a encomenda errada, e ainda me cobra taxa de recepção, e no meio desta maré de burocracia cósmica, e dou por mim com um colega de trabalho fisioculturista mais enfiado dentro do armário do que o meu já velhinho par de sapatilhas de desporto - que já têm bolor de tão usadas.

E eu nem tenho problema nenhum com quem está no armário, é todo um processo e blablabla, mas quando a mesma criatura abençoada passa a vida a dizer no nosso local de trabalho que tem imensas namoradas, e pela calada da noite vai para o grindr - ou um outro derivativo qualquer  - anunciar que gosta é de salsichão Bockwurst para fazer um bom grelhado naquele rabiosque que arde mais que o churrasco de um quintal qualquer nos subúrbios, fica difícil defender não é verdade amiga?
suuuuuuuuuuuuuuper hétero.
Para ajudar ao filme, acho que todo eu nasci com uma aura de prostituta de esquina que escancara as pernas ao mínimo cheiro de sovaco e after shave, ou à ténue visão de um bícep mais desenvolto, a querer escapar-se por dentro da camisa apertada.
E isto leva a uma espécie de ritual de acasalamento não correspondida entre o mocito, que muito se flexiona e exibe, me acaricia volta e meia, e me diz o quão forte é, numa triste tentativa de levar uma neca na cueca, o que subsequentemente leva a todo um role de olhares jocosos de todo o corpo de trabalho - todos a par da minha "preferência alimentar" - que acha um piadão à situação, qual National Geographic versão homemsexual.
Bem vindo ao show, o ingresso é grátis e nem precisa de pipocas para apreciar devidamente
Enquanto trato de o recambiar para a terra dele, (ou em última instância, de pegar em todos os meus pertences e emigrar para a Antárctida onde não há homens, porque assim é estatisticamente impossível calhar-me mais uma peça destas na rifa)  fica já aqui o aviso, senhor universo, o próximo que me mandar, tem que vir nos conformes, ou vou pedir o livro de reclamações.

Sabes que estás a pagar um karma qualquer

quinta-feira, 14 de maio de 2015


....Quando uma one night stand de há 3 anos te vem interrogar no facebook, sobre se conheces um fulano qualquer de outra freguesia a 500 kms de ti, porque é o amigo do ex namorado  e está a espalhar rumores sobre ele e a sua pila torta, seguido de uma reza infindável de como o ex namorado o encornou com o  melhor amigo, como está devastado, e como quer "partir-lhe a boca toda com um tijolo" porque aparentemente inventou "mentiras imperdoáveis".
Porque é a informação mais relevante para a tua vida, saber das futriquices das bichas com problemas conjugais da capital.
Eu mereço.

Rescaldos

quarta-feira, 29 de abril de 2015



Começo a convencer-me que esta coisa dos encontro é para pessoas que tenham sorte.
Que não é o meu caso.
Vou tomar um banho de sal grosso amanhã a ver se liberta o exú.
O que me salva é chegar a casa e ver o meu Adamzinho todo seqsse a dar á anca.
... Ao menos alguém que dê à anca, não é mesmo.

Como me conquistar em 45 segundos

segunda-feira, 27 de abril de 2015




Acho que vou começar um programa, "ofereça um dicionário ao seu engate"

Momentos mágicos não são só com o Happy Meal

terça-feira, 31 de março de 2015



chegas a esta conclusão naquele preciso momento, em que aquele rapaz com quem dormiste UMA vez há dois anos atrás - aquele meio sem graça - se lembra de te mandar mensagens a dizer que tem "saudades de um pau como o teu" porque o atual namorado lhe deu com os pés, e ainda se ofende quando o mandas pastar porque achas toda a situação ultra constrangedora.

O Desportista

terça-feira, 24 de março de 2015



Aqui há umas semanas tomei a decisão maravilhosa de me inscrever no ginásio, depois de muito ponderar sobre o assunto, visto ter algum dinheirito extra para gastar este mês, e supostamente ser fit é sempre um bom investimento, or so they say.
Uns dois dias depois de tomar essa decisão, perdi os meus amigos óculos de vista, e fiquei a ver pior que uma coruja de dia.

O que levou a todo um realinhamento das minhas frágeis finanças, e um sentido Foda-se direccionado ao universo, que me priva constantemente do meu sixpack.


Desanimado e sem nada para fazer fui ao email, onde mais meia dúzia de mensagens do manhunt aguardavam ansiosamente para me afagar o ego.
Pelo mar de visitantes no perfil - que é uma coisa comum, não é só comigo - um rapaz em particular chamou-me a atenção.

No nickname lia-se "Desportista qualquer coisa", e dizia muito sucintamente:
"preciso de um amigo para treinos pela cidade. estou disponível durante as manhãs" 
Aqui o vosso tio patinhas de serviço , fez as contas e pensou:
"somos vizinhos. ele quer ir fazer jogging. Tenho companhia - porque todos os meus amigos são lontras sedentárias como eu, então não servem para estas coisas - , por isso não me aborreço passados dois dias, e ainda por cima é de graça"
como boa bicha crédula que sou, resolvi ignorar completamente o facto do anuncio ser feito num site de engates e ir meter conversa com o rapaz.
"Olha, quando falas em treino, falas em fazer jogging e assim né? também sou da zona onde tu moras, se quiseres podemos combinar um café e conhecer-nos e começar a fazer umas corridas juntos"
Trocámos contactos, trocámos mensagens, e em 5 minutos já me tinha confessado que nunca tinha feito jogging na vida, que era ativo, que não fazia sexo há meses, e que tinha um chupa chupa com recheio para mim - citando literalmente.

Frisei-lhe que não queria sexo, para não haver mal entendidos.
Acho que vou reformular a frase.
Não sou bicha crédula, sou bicha idiota mesmo.
E após um de conversa completamente banal , começou a chamar-me "amor" e "bebé", e a convidar-me para "jantarmos juntinhos" e irmos ao cinema, assim do nada porque é a coisa mais perfeitamente normal para se fazer quando acabas de conhecer alguém.
#Not

Perguntei-lhe o que queria, porque já não percebia nada no meio daqueles sinais mistos todos, e disse-me muito calmamente que queria sexo, um amigo e um namorado - não queremos todos?.
Tudo combinados no mesmo pacote, tipo a MEO, porque assim era mais giro.

Disse lhe para ir com calma, porque eu não queria nada disso, queria um amigo de treinos, afinal, era o que vinha na publicidade né, direito do consumidor e talz.

Fiquei com alguma pena e propus-lhe um café, depois de uma sessão interminável de drama shakespeariano:
Okay, vamos antes tomar um café, pronto, na pastelaria ás 9 e meia?
Na pastelaria? Não há nada menos cheio de gente?
... Então queres ir onde?
Oh, eu sou timido trazes o carro, e o pc, e vamos só os dois para um sitio isolado, ver um filminho.
Então como querias ir jantar comigo? os restaurantes estão cheios de pessoas.
Oh, mas é diferente.
Diferente como?
Aí estamos a comer, não falamos :S
Portanto... queres ir comigo para uma falésia ou assim ver um filme?... (ah, e não queres falar)
Yah
Não muito obrigado. passo a oferta.

Ofendeu-se, chamou-me parvo e insensível, disse-me que queria ser meu amigo, e que os amigos fazem essas coisas - se bem que até hoje nunca me tranquei no carro de nenhum amigo a ver um filme num lugar isolado à noite - , e meia hora depois, mandou-me uma mensagem a descrever-me a sua majestosa ereção.... suponho que seja o que os amigos fazem.

Ponto Negativo: Não tenho training buddy.
Ponto Positivo: gastei imensas calorias a imaginar que o rapaz era um serial killer que me queria matar na falésia e roubar o carro depois de me violar à bruta, mas como não fui, não morri.
Lição a Reter: Sites de engate provavelmente não são a melhor localização para se encontrar parceiro de exercício que não o horizontal.

Primeiras impressões

terça-feira, 10 de março de 2015


O dia acordou, quente e promissor, um sábado perfeito.
Ignorei a gripe que me amarrou à cama o fim de semana inteiro, pus-me bonito - mesmo estando mais amarelo que qualquer um dos simpsons - e fui ao supermercado comprar o pequeno almoço.

O supermercado estava populado pela pequena multidão do costume,
Enquanto carregava um saco de pão, ainda quente, e uma embalagem de queijo fresco, os nossos olhares cruzaram-se.
Ele era bonito. alto, olhos castanhos, barba de um ou dois dias.
Senti-me corar quando ele retribuiu o olhar.
Ajeitei o casaco, e fiz a cara mais sexy que consegui desencantar, e naquele momento, algo dentro de mim floresceu.

Um calorzinho agradável.
borboletas esvoaçavam no estomago.
... ou no pescoço...
ou no nariz.
Definitivamente no nariz.
Borboletas no nariz?
Huh?
E antes de perceber o que se estava a passar, qual possessão demoníaca, o maior espirro alguma vez libertado por um ser humano foi produzido.
E vinha com brinde.
E o que podia ser uma linda história de amor, tornou-se numa linda memória, tão depressa quanto a torrente de ranho abandonava o meu nariz, os produtos me voavam da mão e o rapaz fugia para outro corredor.

Eu mereço.


E vocês?
Qual foi a pior primeira impressão que já causaram?
Acham a primeira impressão muito importante?
Conhecem o nome de algum pai de santo? acho que isto só lá vai com benzedura.

O Rebound

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015



Seis da manhã.
Agosto.
O calor insuportável do Verão começava a fazer-se sentir enquanto o sol molengão se levantava com as empregadas domésticas e os pedreiros para ver o triste espetáculo.
Enquanto caminhava sem meias, com a camisa desabotoada e o cinto aberto, olhos vermelhos costas arranhadas e cabelo em pé, chegava lentamente a uma conclusão que até ao presente dia me acompanha, tatuada nos meus neurónios...

Mas antes disso, recuemos ao início, uma longa semana atrás quando as minhas ancas ainda não doíam e o meu cabelo não parecia arrancado de uma drag queen em quarta feira de cinzas, pós carnaval.

O amor é fogo que arde sem se ver.
Especialmente quando o amor decide acabar contigo por sms, como quem muda de canal de TV, com um só dedo e um sorriso na cara.

Hmmm... Agora que penso nisto, pode ter sido uma má descrição, mas hey, deal with it.

Depois de todo aquele drama muito típico da pobre bicha campónia e ingénua que pensa que cada cu que come é um potencial marido, sozinho no sofá, como aliás acabaram muitos dos meus assolapados romances (acho que é um padrão, vou anotar isto algures para quando inevitavelmente aterrar no divã de um terapeuta charmoso, for para a cama com ele, dar errado, e precisar mesmo de terapia a sério) cheguei à conclusão que chorar e deprimir não me ia servir de nada, desliguei o ipod com as baladas da minha Toni Braxton , levantei-me e fui para o quarto ver porno.

No dia seguinte, por obra e graça do Destino, ele apareceu.
E agora, para isto ser uma história romântica como deve ser, eu dir-vos-ia que as nossas mãos se tocaram enquanto lhe fazia o troco, e reparei num brilho especial no seu olhar, e todo eu fiz faísca.
... mas vocês não estão aqui para ler um romance como deve ser. vão ler a história de como a pipoca mais doce conheceu o marido, ou whatever.
Não lhe liguei particularmente.

Aliás, sendo perfeitamente honesto, nem reparei na sua existência, eram um grupo grande de férias, alguém me deu um número de telefone e disse "o meu amigo acha-te um gato, liga-lhe".
E eu liguei, super convencido que era o loirinho de olhos castanhos com covinhas que se riu para mim umas quantas vezes.
Podia não casar com ele, mas ao menos ficaria bem servido, afinal era só um rebound

Por isso não é de admirar que quando cheguei ao local do encontro e me saiu o amigo errado na rifa, me tenha agarrado à vodka como um evangélico se agarra à bíblia (e ao porno gay, dentro de casa, depois de ser "curado" pelo marco Feliciano) na esperança que também ela, me mostrasse a luz.
E a noite ficou rapidamente animada.
Ou eu fiquei assanhada.
O que interessa é que no fim de contas ele até nem era feio.
E depois de lhe ter rasgado a t-shirt - que era feia, sejamos honestos - e o ter empurrado para cima de um capot de um carro - e ter traumatizado ligeiramente os pobres dos héteros do grupo - era de prever o resultado deste maravilhoso primeiro encontro.
Resultado este que se concretizou umas mais tarde na cama da casa de férias durante umas boas horas, com direito a dentadas em sítios que não foram programados para serem mordidos, e posições acrobáticas que fariam muitas estrelas  do porno internacional ponderar sobre os seus dotes de carreira, e as suas vistas no acto do fazer o amor em geral.

Despedimo-nos ainda a guardar as cobras zarolhas nas jaulas de elastano, com beijos quentes e um até ás próximas férias, e dou por mim, no ponto de partida deste post, dorido satisfeito e ressacado,  quando recebo uma mensagem no telemóvel com um simples:
"A noite foi ótima, amo-te"
Assim, dito a cru, por alguém que tinha acabado de conhecer na noite anterior, e que se desenrolou num thriller psicológico digno de Óscar, mas isso fica para outra altura, se quiserem saber, e se não quiserem saber ficam a saber na mesma porque me pode apetecer e isto é uma blogoditadura.

E assim chego à tão aguardada  conclusão :
Vodka é a pior conselheira sentimental de todos os tempos.

O invisível

domingo, 25 de janeiro de 2015


Depois de algumas primeiras experiências atribuladas pelo manhunt, modifiquei ligeiramente os meus critérios para escolher um gajo online - aliás, foi daí que surgiu o meu guia prático.
Nada de fotografias de rabos -  davam sempre em merda, ironicamente - ou de abdominais.
Vai aos que têm cara - disse eu - são provavelmente os mais normais- disse eu.

Essa teoria provou-se rapidamente um fracasso, mas adiante.
Numa das minhas incursões, pela caixa de entrada, recebi uma mensagem de um rapaz.

Lá fui eu espreitar o perfil, e aterrei num daqueles perfis com frases diretamente mugidas de um romance do Nicholas Sparks, "Procuro alguém que me encontre" e outras que tais bem bregas típicas de quem tem fome mas não come, e pensa que virou poeta no período celibatário - vocês sabem o tipo.
Embora a minha intuição apitasse mais que uma estação espacial em momento de colisão com um asteróides, resolvi ignorar e aceder. afinal,mal por mal era só um café, e na altura de seca em que o meu terreno se encontrava, até mijo era água.

"Queres combinar um café? o meu numero é o tal tal tal"
Trocámos contactos, e  começámos a falar, ora por telefone, ora pelo skype.
Era razoavelmente simpático embora não tivesse muito conversa mas não me parecia mau rapaz.
Até começarmos a falar no bendito café.
Nunca quis que eu fosse ter com ele, nem me quis dizer as folgas.
Tinha basicamente que ficar sentadinho à espera que ele arranjasse tempo para tomar um café, uma coisa de uma ou duas horas numa tarde qualquer, que até foi ele quem quis combinar.


E andámos no jogo do empurra durante aproximadamente duas semanas.
Sempre que queria combinar, levava com um :
"Não dá, tenho a agenda muito preenchida", cheio de desculpas que era do trabalho da prima, da avó, da periquita inflamada, you name it.
Comecei a ponderar se não estaria a combinar café com um espião internacional ou um primeiro ministro de um país qualquer na Europa de Leste.

Quando perdi o interesse e deixei de lhe responder, ligou-me, às duas e meia da manhã , acabado de sair do trabalho- se calhar até era stripper - e ficou aproximadamente uma hora e meia a queixar-se da vida, e do poder de compra em Portugal, e de política.
às duas e meia da manhã, quando eu já estava deitado e meio a ressonar por entre as conversas.

Disse-me que tinha uma voz sexy - O que é totalmente verdade - , pediu desculpa pela demora do café, e combina para sábado.
Ficou combinado, eu virei me para o lado e continuei a dormir de forma sensual e irreverente - para combinar com a voz, né.
Os dias foram passando e chegada a sexta feira, ele não me tinha dito nada. radio silent, se calhar até tinha morrido numa explosão, sei lá, vida de espião deve ser complicada.
O sábado veio e foi, ainda lhe perguntei se tinha morrido ou assim, mas não me chegou a responder.
Passadas duas semanas, Eliminei-o de todas as redes sociais e mandei lhe uma mensagem, toda ela muito "devias ir para uma escola de etiqueta, para aprenderes a cancelar encontros, pede aulas à Paula Bobone, espero que sejas muito feliz e apanhes herpes no rabo"

mas cheia de classe - e sem a parte do herpes no rabo, que honestamente só me ocorreu agora, milénios depois.
Fui à minha vida, e nunca pensei mais nisso.
Ontem - meses depois do ocorrido - entro no skype, e vejo que o rapaz me veio pedir para o adicionar novamente aos contactos.

E vocês, Alguma situação bizarra que envolva um site de encontros?
Spill the beans!

PS:Eu TINHA que usar esta música algures.

Ainda Há românticos

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014


Depois de muita insistência, trocamos contactos.
Não que me apetecesse particularmente, mas não se passava nada de interessante na altura e já diz o outr. Àgua mole em pedra dura...
Queres combinar qualquer coisa? És giro, Pareces interessante.
[Interessante? Mas nunca falaste comigo.... Oh Well] Fala-me primeiro um bocadinho de ti. És daqui de perto? O que gostas de fazer?
Hmm, Sou daqui sim, Gosto de uma boa Mamada, e de apalpar. De um bom cu. Também gosto de morder Sou ativo. e gosto a três.
... .....Hm... estava a falar tipo de hobbies e assim?
Ai não, disso nunca experimentei.
Hm [rindo internamente]... pois. E onde querias combinar o café?
Pode ser no meu carro.

Escusado será dizer que depois de chegar à conclusão que o carro dele não era uma máquina da nespresso, nunca mais nos falámos e o mandei ir dar uma volta, já que tomar no cu não estava na sua lista de opções previstas.

Haja romance.