Estava a dar uma limpeza à minha lista de leituras, por causa do pequeno contratempo com o blog do Ricardo, e acabei por reparar que a blogaysfera sofreu uma desbastadela (nada) simpática desde que dela comecei a fazer parte.
Desapareceram uma data de blogs, poeira cósmica, na rede.
Passo pelo meia noite e um quarto, pelo blog do Miguel Almeida, o Rúben, ou pelo da bicha vai nua - que suponho que se tenha vestido nos entretantos - , entre tantos outros que se eclipsaram.
E embora já há algum tempo, nunca me tinha confrontado com essas pequenas percas, duma pequena "família" imaginária que se foi construindo.
Se tiverem vivos, vão dando notícias meninos.
Qual foi o último inesperado agradável que vos aconteceu?
Depois de um reencontro estranho com mais uma tentativa de romance falhada, dou por mim a pensar que se calhar as intenções que tenho na cabeça, e as que passam cá para fora são duas coisas diferentes, como se o meu cérebro fosse o google translator, e fizesse vezes e vezes sem conta, traduções erróneas, acabando à procura de parafusos numa farmácia.
É o que ando a precisar.
Urgentemente.
Tenho coisas para escrever aqui, mas o tempo que tenho é passado no sofá em estado zombie.
A folga aproxima-se, e com ela a odisseia de uma ida ás compras para o aniversário da mommy.
Fiquem ligados, que prometo voltar em peso.
Depois de uma maravilhosa discussão com alguém acerca de um projeto conjunto, e depois de me atirarem em cara uma colaboração que nem pedi, cheguei à conclusão, que se queres algo bem feito, tens mesmo que ser tu a fazê-lo sozinho.
Fiquem atentos blogosfera, fiquem atentos.
Durante anos a fio, este foi o meu mantra.
Vivo num meio relativamente pequeno.
Uma aldeia promovida a cidade, que de cidade só tem o título e o fluxo turístico.
Quando comecei a aperceber-me do que era, pensei que fosse uma fase.
Afinal, quando somos novos, sabemos lá o que queremos, não é verdade?
O background religioso da minha família ajudou a incitar o medo.
Afinal é completamente contra tudo o que é livro religioso.
Era certamente uma fase.
Cheguei a rezar para que o fosse.
Uma fase bastante longa.
Qualquer dia acordava e passava a olhar para mamas com aquele olhar devasso muito típico dos putos de 15 anos cheios de borbulhas e hormonas.
Mas o tempo foi passando... e a fase não.
Eu não quero ser gay
Meti-me no desporto - mesmo sendo a criatura mais preguiçosa do planeta - talvez precisasse de um banho de testosterona, porque como bom cliché gay que sou, 99% das minhas amizades tinham vagina.
Acabei por desistir do basquetebol quando vi que era pior a emenda que o soneto, porque claro que me saiu o tiro pela culatra, e acabei dois anos a jogar basquetebol com 20 rapazitos da minha idade, e a evitar de morte os balneários, porque aquele cheiro a homem suado dava cabo da minha "fase".
Eu não quero ser gay
Não podia ser gay.
Afinal, não era como os gays da TV [que eram literalmente a única referência que eu tinha na altura, para além do puto na minha escola que era drag queen e agora anos mais tarde mudou de sexo] e não conhecia nenhum outro gay.
Ao contrário da capital, onde em baixo de cada pedra de calçada há 50 gays a abrirem um bar com gogoboys e white parties temáticas, por aqui ainda hoje em dia continua a ser visto como uma coisa extremamente aberrante, motivo de silêncios demorados e olhares reprovadores.
Passei todo o secundário num armário de vidro, onde toda a gente via a imensidão da minha homossexualidade, menos eu, com a cabeça enterrada na areia, cheio de medo de ser ainda mais mal tratado, por uma coisa que não tinha escolhido.
Sentia-me uma fachada mal conseguida, através da qual todos conseguiam ver.
Eu não quero ser gay
Os gays não casam não têm filhos, e trocam de namorado por um modelo mais novo quando as rugas assentam e a diversão acaba. E não queria andar nessa vida infeliz e encalhado e a saltar de cama em cama por não arranjar ninguém - o karma é fodido, I know - porque era a única noção que tinha.
Foi preciso entrar para a faculdade para conhecer pela primeira vez um gay em carne e osso (relativamente mais fora do armário que eu, mas ainda assim muito secretivo sobre as coisas.)
E não era nada de especial, bastante decepcionante até.
Não me pareceu extremamente infeliz e miserável, não era excessivamente exagerado nos maneirismos, nem passava a vida nas orgias.
Um a um, os meus preconceitos foram desabando.
Os medos esses, continuavam todos lá, de pedra e cal.
Até hoje não percebo muito bem do que tinha tanto medo.
Mas tinha.
Acho que no fundo não queria desiludir ninguém.
Afinal, sou o filho único a acabar com o legado da família- porque cu não faz filho ainda né non - e todo o drama associado a ele.
E um dia, tudo se descomplicou.
Parece que se desfez um nó na minha cabeça.
Tudo deixou de importar, uma epifania que fez ruir as paredes que andei a erguer anos e anos
E foi como se saísse pela primeira vez de debaixo de alguns escombros esquecidos num tsunami que arrasou a minha costa mental e conseguisse respirar.
Nos dias particularmente difíceis, depois da 2154516512ª tampa do semestre - sinto-me a taylor swift dos gays às vezes - , lembro-me disto, e mesmo que as coisas não corram sempre como eu quero, consigo dizer que partir do segundo em que te aceitas, tudo melhora.
só para variar um bocadinho, e porque hoje estou lamechas. o blog é meu.
Eu tinha pensado fazer um post todo pipi, abri o blogger, mas depois de um dia de viagens pra trás e pra frente, o meu cérebro parece macarrão instantâneo daquele de juntar água a ferver.
Vou só ali:
... de um site de astrologia e derivados, com o seguinte título: "A sua vida amorosa"
Abri-o e estranhei, porque não vinha em branco.
Devem ter-se enganado no destinatário.
Se fica tempo demais no forno passa do ponto, e se sai demasiado cedo, nem lá chega.
É pena que não exista um masterchef sentimental.
Esses é que fazem tudo parecer bastante mais fácil.
um ano inteirinho.
E parece mentira.
Passou a correr.
Ainda ontem escrevia meio a medo, com a impressão que ia começar o mais estranho monólogo que esta blogosfera já viu, cheio de resmunguice e peripécias aborrecidas de mais uma alminha perdida pela internet, mas surpreendi-me com os leitores - e colegas bloggers - maravilhosos que tenho conhecido e que enriqueceram das mais variadas formas a minha vida.
Tenho que vos agradecer, a vocês que seguem as minhas aventuras, e me lembraram porque é que vale a pena manter um blog.
Venha o próximo, e pelo caminho, feliz ano da Cabra, e essas coisas todas.
Tropeça, cai e levanta-te. Se não te cansares de te levantar, eventualmente deixarás de cair. Quando? Não sei.
Ás vezes, bancar o paciente não serve para nada senão para me fazer a vida num inferno.
Haja tomates.
"Amo-te" é tipo peido. as pessoas deviam conter-se antes de os largarem sem aviso.
Depois de mais uma aventura romanticosexual falhada , deixo escapar em tom de desabafo que estou farto dos homens, quase caindo no cliché de dizer que são todos iguais.
"Então porque continuas a insistir?"
E a pergunta incomoda-me.
Paro e penso um pouco antes de responder
Porque não gosto de estar sozinho. E penso sempre que o próximo pode ser melhor.
E tenho a noção que soa triste, com uma nota de desespero, mas é a verdade.
Queremos todos companheirismo.
Seja por tempo indeterminado, partilhando uma vida e um romance idílico, ou só por uma noite, partilhando uma cama e uma paixão volátil.