O amor não tem gaydar, mas devia.

Então, tenho um colega novo no trabalho, podre de giro, muito simpático e amoroso.
Um verdadeiro sonho erótico com pernas.
probleminha?
Aqueles 85% de probabilidade dele ser hétero.

(temos que aplicar a taxa de desconto do meu gaydar defeituoso, que volta e meia me prega partidas.)

Isto para muitos compatriotas da bandeira do arco íris pode ser um turn on, um desafio, uma espécie de hunger games da conversão sexual, mas para mim é um "f*da-se, os gajos decentes são todos hétero".

Como tal, evito dar em cima dele, porque sei que não vai dar em nada, não quero traumatizar o rapaz, e ahm, tenho amor próprio.

Ora, toda esta situação, trouxe-me de volta flashbacks de todas aquelas vezes em que sou alvo de interesse por alguma pobre rapariga desprevenida para a noção básica de que o único bacalhau que ingiro voluntariamente vem da Noruega e está à venda no supermercado mais próximo.

Embora não aconteça muitas vezes, não deixa de ser uma situação bastante constrangedora, maioritariamente porque eu NUNCA percebo que está a acontecer, talvez porque acontece tudo sem aviso, como uma indigestão sorrateira que termina em diarreia explosiva.

Começa com conversas banais, ficamos amigos, e quando dou por ela, estou a conhecer a prima, e a mãe e a tia e a ser convidado para jantares em família, e aí cai violentamente a ficha e percebo que ela já não quer só uns cafézinhos, quer mais um jantar com direito a pequeno almoço.

E nessa altura do campeonato, há duas hipóteses.

1. Ou lhe explico calmamente, como uma pessoa civilizada que sou gay e que nunca vai acontecer nada entre nós, mas que podemos ser amigos à mesma e ignorar toda a estranheza da situação 
2. ou bloqueio-a no facebook e fujo a sete pés fingindo que não percebi nada até que ela perca o interesse e deixe de me chatear.

Inicialmente tentava a primeira opção, mas só resultou num acumular de amigas ressentidas que não percebiam como eu as tinha rejeitado - mesmo com o argumento irrefutável de ser gay -  e secretamente desejavam que eu morresse encalhado já que não tinha querido ficar com elas, então comecei a optar pela segunda opção como se não houvesse amanhã.

E há uma fatia bem grande da comunidade gay, que acha piada à situação, uma espécie de elogio porque seguem a lógica do "Ah e tal, se uma mulher se interessa por mim, é porque sou viril e másculo" como se isto não fosse possível a partir do segundo em que um gajo se encara como gay.

Ahm, estou muito bem com a minha virilidade obrigado, não preciso de uma vagina desorientada para me afagar o ego.
Nem para me afagar nada já que estou a ser honesto.

E vocês?

Já vos aconteceu alguma vez alguém de outra orientação sexual se interessar por vocês?
Como reagem a tal coisa?
Sentem-se lisonjeados, desconfortáveis ou insultados?

E só para as leitoras: 

Alguma vez se interessaram por um gay?
Como é que isso acabou?