50 sombras de gay

segunda-feira, 21 de abril de 2014



Lembro-me de, na minha adolescência, quando lentamente comecei a aceitar a possibilidade de que se calhar até era gay – caso não fosse já dolorosamente óbvio para quem abrisse a minha pastinha secreta do porno e presenciasse aquela festa da salsicha - ter sentido alguma falta de ter com quem falar sobre estas dúvidas.

Na zona onde cresci nunca houve grande comunidade LGBT, e não havia propriamente muito para onde me virar – ou talvez na altura não houvesse por não ser tudo tão mediatizado e visto com tanta naturalidade como agora... pelo menos pelos Algarves.

Então, na minha cabeça, criei uma fantasia.
Quando eu for gay não gozem, eu tinha prai 15 anos okay? - vou conhecer uma comunidade gay de pessoas fofinhas e compreensivas que se aceitavam umas ás outras, porque afinal intrinsecamente somos todos o mesmo e passamos por adversidades e preconceitos semelhantes.
aquelas coisas todas familiares muito típicas de anúncio de margarina na televisão domingo de manhã, que só funcionam bem num anúncio de 20 segundos

Obviamente, que isto deu mau resultado como sempre que acontece o inevitável choque com a realidade, porque a realidade é muito mais cinzenta do que a expectativa fantasiada por uma mente adolescente.

Porque há todo um set de padrões dos quais não estás à espera quando "entras".
Vão olhar para a tua altura, para o teu corpo, para a tua cara, para os teus trejeitos, para as tuas roupas e até para a maneira como falas, e acabas por sair de uma lupa social para saltar para outra.
E quando não estás próximo dos padrões, não vais receber sequer dois olhares.

Não que as pessoas na comunidade sejam más e horríveis e que eu seja uma grande vítima, mas para uma alminha campónia nada habituada a essas coisas - acho que ajudou imenso ao choque eu lidar mil vezes mais com raparigas do que com rapazes - que esperava toda uma onda new age de aceitação foi enorme um choque levar com rejeições porque era “muito peludo” ou “feminino demais” “ou não feminino o suficiente”.

Não sei se alguma vez viram Mean girls, mas se viram, de certeza que se lembram da cena do almoço, em que a novata é apresentada aos diferentes grupinhos, que estão todos seccionados por mesinhas (para quem não viu tá aqui em baixo):


Sem exageros, a comunidade gay é a personificação desta cena especifica.
Só que não te dão um mapa à entrada e tens que ir descobrindo os grupos por ti mesmo, geralmente por tentativa e erro, com muitas portas na cara

Há os bears, os twinks, os jocks, os discretos e toda uma panóplia deles (que eu não sabia todos, mas que podem ler aqui, neste estudo a decorrer sobre os grupos sociais gays e segundo o qual sou um pup ), que – ao contrário do que eu pensava – não têm por hábito misturar-se muito.


É óbvio que temos todos direito a gostos pessoais - quem é que não tem um "tipo" de gajo, ou gaja? temos todos pelo menos uma vaga ideia do que gostamos, nem me venham com tretas - e nem acho que toda a gente deva comer tudo o que lhe cai no prato.

Mas não deixa de ter piada, toda a ironia cósmica, que um dos grupos sociais mais estigmatizado na sociedade atual por não se encaixar nos parâmetros, tenha ele próprio tantos parâmetros específicos.

E vocês - leitores gays:
Há caracteristicas que são sobrevalorizadas na comunidade gay? e Menosprezadas?
Sentiram alguma espécie de choque quando foram expostos à comunidade da primeira vez?
Alguma vez foram rejeitados por não se enquadrarem num certo tipo de grupo?

E pros restantes leitores 
(que não sei mesmo se querem comentar alguma coisa sobre o assunto xD)
O que têm a dizer sobre o assunto( não sei literalmente o que hei de perguntar)?

42 comentários:

  1. Este teu texto tem muito que se lhe diga, mas vou tentar simplificar as coisas: não gosto de rótulos e se não estou em erro na comunidade gay há muitos, parece que as pessoas saem em série de uma fábrica. Os olhares, as criticas, os comentários fazem parte de aceitação ou não de alguém que poderá fazer parte de uma determinada "categoria humana", isto porque já que fazem a separação por escolhas sexuais, por não ramificar a diversidade humana.

    Porque não me enquadro em nenhum desse "ramos" fico por aqui mas as "mean girls" há em todo o lado e por vezes nada tem a ver com as opções sexuais.

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    1. Yup, as mean girls há em todo o lado :P

      Faz me um bocado confusão toda esta rotulagem... mas lá está, ela existe xD

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  2. 1. Adorei a expressão "caso não fosse já dolorosamente óbvio para quem abrisse a minha pastinha secreta do porno e presenciasse aquela festa da salsicha". LOL

    2. Eu nunca me integrei em nenhuma comunidade gay. Tenho alguns amigos, alguns conhecidos e nada mais que isso.

    3. Fiz esse teste e deu que eu sou um Chub. Que raio de coisa é essA? LOL

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    1. 1. Oh, mas é verdadeee xD
      2. Pois, é mais ou menos como eu estou agora, e nem faço grandes questões de mudar isso
      3. Chub é um "gorducho" vá.

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    2. Gorducho?LOL
      fiz para o meu namorado, e deu o mesmo. Estamos bem um para o outro... LOL
      MAs pronto, eu gosto muito dele e ele de mim... E adoramos as nossas barriguinhas um do outro, por isso :P

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    3. traduzindo literalmente, chub é "rechonchudo", é por aí e fazem vocêzes muito bem xD

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    4. Acho que pra proxima vez q tiver com ele lhe irei segredar ao ouvido qq coisa do género
      "Anda cá rechonchodinho" xD

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    5. Resta saber se não te manda dormir no sofá depois disso xD

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    6. Não manda nada :)
      Além dele não ter sofá, já usamos coisas semelhantes um com o outro xD

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  3. Eu não tenho esse sentido de comunidade... sou gay e pronto... LOL e dou-me com todos os géneros...

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  4. Há 20 anos atrás, quando eu entrei no Mundo Gay, creio que tive sorte com as pessoas que conheci. Creio que é preciso sorte, porque "merda" sempre existiu...

    Nos dias de hoje, quando saio à noite e encontro pessoal mais velho, de há 20 anos, ainda nos falamos ou piscamos o olho como cumprimento.

    Também me faz confusão e muito, a forma como os Gays se comportam no dia a dia...

    Nos dias em que o Casamento é permitido, parece que os Gays ficaram mais putas e sem sentimentos, do que quando era proibido, é a minha percepção do mundo gay em Lisboa

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    1. Olha por acaso focaste aí um ponto de que eu nem me lembrei, que foi a promiscuidade emergente. Acho que ajuda muito o quase incentivo que há a isso. com o sites e locais mesmo próprios para isso... mas acho que isso é um mal geral, não só da comunidade gay, mas da sociedade num geral.
      Há 20 anos entrei eu... na pré primária xD

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    2. é tao promiscuo um gay como um hetero... falem com os vossos amigos heteros e vão perceber que é tudo igual.
      Quem quer ter uma relação monogámica tem. quem não quer não tem.

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    3. Pois foi o que eu disse basicamente, que está tudo a tornar se mais promiscuo num geral, até há um site para quem quer ter casos conseguir arranjar parceiro/a xD

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  5. Adorei este teste, diz que eu sou um Gym Bunny! Lololol. De resto, vejo-me um pouco como o Shoes, falta-me esse sentimento de pertencer a um sub-grupo específico. Vi na Dezanove que no Brasil criaram um grupo que luta contra a discriminação dos efeminados dentro da comunidade gay. Nunca pensei muito nisso, mas faz sentido?

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    1. Vocês são todos uns saudáveis -_- só pra uma pessoa se sentir mal ;-;
      Não sei como funciona a comunidade gay no brasil, por isso nem me pronuncio muito nesse aspeto, mas acho que depende muito do tipo de efeminado, pelo menos pra mim :P

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    2. Yup, faz sentido. Penso que eu próprio já fui vítima desse preconceito e já li e ouvi várias pessoas a dizer coisas do estilo "gays tudo bem, o problema são as bichas", dentro e fora da LGBT, e dentro também algo do género "são as bichas que mancham a comunidade". Quem o faz são meras vítimas do status quo e da repressão heteropatriarcal, em vez de se levantarem contra o ódio, dão pontapés em quem é de certa forma e não receia expressar-se.
      Afeminado ou não afeminado, em qualquer grau que alguém tenha a lata de categorizar, cada um tem o direito de ser quem é e expressar-se, e ser respeitado por isso, e que os restantes se metam nas respectivas vidas.

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    3. Yup, faz sentido. Eu próprio já fui vítima desse preconceito, e já ouvi e li coisas do género "são as bichas que mancham a comunidade gay", "gays tudo bem, bichas é que não", dentro e fora da comunidade. Quem o faz são meras vítimas do status quo e da repressão heteropatriarcal, que em vez de transformarem o ódio adquirido em resposta contra o preconceito, reenviam-no para os mais prejudicados.
      Efeminado ou não efeminado, ou qualquer outro grau que alguém ouse criar, pois o direito a rotular e a expressar o rótulo não existe quando não é um auto-rótulo, o indivíduo tem o direito de ser quem é e expressar-se à sua maneira.

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  6. A julgar pelo teste eu sou um otter (tive de ir ver se me enquadrava nessa categoria,pois não a conhecia).
    Alguns traços em comum com a dita.
    Mas de modo geral, vejo-me como gay. Nunca gostei de rótulos.
    E olho para os outros como gays, não como daddy, otter whatever.
    Respondendo as tuas questões,na minha opinião sim há características sobrevalorizadas e outras menosprezadas.
    E sim, já fui rejeitado por não me enquadrar em determinado "grupo".

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    1. Eu n ligo particularmente a rótulos, mas a verdade é que eles existem, mal ou bem, e foi um dos motivos que me levou a escrever isto. Nem sabia que existiam aqueles rótulos todos, por isso é que acho piada ao estudo, que mostra as atracções sobre pessoas dos diversos tipos. é curioso vá.

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  7. basically, I'm perfect, logo toda a gente me ama.

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  8. ps: sou um twink, btw haha

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    1. És um twink irresistível Kyle Já viste? ahahaah

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    2. por favor, isso eu já sabia haha

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  9. Eu não sei se gostei do meu resultado LOL Diz que sou um "gym bunny" lllllllllooooooooollllllllll

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  10. Esta blogayesfera é essa suposta comunidade gay. Já fiz alguns amigos por aqui.
    Nunca participaste nos concursos que ja promovi no meu blogue, mas têm sido uma forma de juntar algumas destas pessoas (as que tiveram vontade e/ou coragem de comparecer aos encontros já promovidos). O João Roque tb organiza uns jantares de blogues (não apenas gays, é certo), tb já tive o prazer de participar num deles e de conhecer mais alguns dos que por aqui andam.
    É uma forma muito interessante de conhecer pessoas, muito diferente de outras que a net proporciona).
    Abc

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    1. Tecnicamente, só conheço e sigo o teu blog prai há 2 semanas, por isso nem fazia ideia de tais concursos xD.
      Como vivo no Algarve, é raro haver dessas coisas por cá - já no meu antigo blog de vez em quando falava disso-, e acaba por não me compensar ir despencar-me até a Lisboa ou ao Porto pra uma jantarada sem ter poiso certo, ou tendo que pagar por um hostel, o que ainda assim não deixa de ser uma coisa que me traz curiosidade, e nem tenho grandes peneiras de conhecer pessoas pela internet - como aliás já relatei numa das minhas desastrosas aventuras ahahah.

      Ainda assim, quando falava em comunidade gay falava num geral, e não especificamente aqui na blogaysfera até porque quando entro na parte dos "tipos" obviamente que isso nem se encaixa aqui nos blogs porque não costuma haver qualquer tipo de interesse romantico/whatever nem a necessidade de atribuir rótulos para se ler um blog

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  11. Faz lembrar aquela frase de George Orwell (O triunfo dos porcos), somos todos "iguais", mas uns são mais "iguais" do que os outros".

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  12. Eu tenho dois amigos gays e a ideia que sempre me transmitiram e eu vi pelos meus olhos, é que ser gay numa cidade grande, é como ir/estar num talho. O T é um talho gigante.

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    1. Se alguma vez for viver pra uma cidade grande logo te confirmo a teoria Dora :P

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    2. Namorado: Sabes bem que não é exagero. Só não fode ali quem não quer. Pior que uma disco de heteros! :)

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    3. Dora e pasma-te. Há quem não queira! E é gay! :D

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    4. Nunca engatei no T LOL Nem nunca ninguém me abordou para tal. Eu devo impor respeito só pode LOL

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  13. Olá. Era só para te dizer que mencionei o teu blog para um desafio aos bloggers. Se quiseres participar: http://welcometomyworlddude.blogspot.pt/2014/04/desafio-aos-bloggers.html

    Bjs

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  14. r. realmente não tinha pensado nessa perspetiva, obrigado por me elucidares e lá está, o mais importante é que foi fiel a si mesmo! :D

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  15. hummmm profunda a coisa...antes de mais morri com o primeiro parágrafo :-P
    Não tenho muitos amigos gays, contam-se pelos dedos de uma mão, mas tentei ambientar-me com mais gays, a primeira vez que fui a uma discoteca odiei, a segunda odiei, a terceira odiei, nunca mais tentei.
    É como dizes há tantaaaaaaas etiquetas, rotulagens, os olhares...os olhares são o pior.
    As características sobrevalorizadas serão as medidas, aquelas que enchem os olhos...e não só...
    as menosprezadas tb as há, como a espontaneidade, a simplicidade, e a capacidade de bem falar...

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    1. O primeiro parágrafo é bastante genuino xD
      Eh pah, não sei acho que como tu não me encaixo muito na "cena" os poucos que tenho dão me pro gasto :P

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Respondo sempre e coiso.
(sou ótimo a motivar as pessoas hein?)