Forever Alone

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Resolvi dar um tempo aos homens, depois da última miserável tentativa falhada de encontro, que acabou em casa sozinho com um sundae de caramelo acompanhado pelo familiar xvideos.
Resolvi expandir o meu círculo pessoal, afinal, amigos e zeros à direita na conta nunca são demais, e sempre era interessante ter mais algumas pessoas com quem tomar uns cafezinhos e desdizer a humanidade num geral.
Conheci um rapaz, aqui das redondezas, num grupo de facebook, e fomos falando durante uns meses.
É simpático, vive com o namorado e o cão - só para reforçar a ideia de que não tencionava abrir as minhas pernas mais depressa que as portagens da 25 de Abril - e tínhamos conversas divertidas e despreocupadas, como pessoas normais têm.
Passados uns meses, ele fez anos, e convidou-me para a festinha, com alguns amigos de longa data dele, que eu pensei - como qualquer pessoa pensaria - tornar-se-iam no mínimo meus conhecidos regulares.
Claro, o cosmos, observando-me na sua cadeira forrada a veludo com as suas unhas de acrílico púrpura e o seu infinito sentido de humor negro, resolveu vetar a ideia.

Então, chegado á festinha de aniversário, depois de alguma conversa fiada e um jarrinho de sangria, começo a ouvir um nome familiar, ocasionalmente mencionado..
Apercebo-me então, que o rapaz com quem ando a falar há meses, é não só conhecido - coisa que eu suspeitava - , como o melhor amigo de um ex-coiso meu, com quem saí uns meses.
E que aquele grupo selecto de amigos, era o grupo de amigos do meu ex coiso.
E que metade da noite foi passada a mencioná-lo.
E que provavelmente já toda a gente sabia disso.
Menos eu.

Então, qual alcachofra socialmente inadaptada que sou, ingeri o meu peso em álcool e adormeci no sofá, com a ligeira sensação que provavelmente nunca mais ia ver aquelas pessoas outra vez.
Uns dias depois, o meu ex-coiso reaparece das cinzas do silêncio, porque me viu na costumeira selfie do jantar, e quis saber muito - pouco - discretamente o que se passava, como se estivéssemos novamente no ensino médio e eu estivesse a tentar roubar-lhe o grupo de amigos, uma espécie de back off bitch muito cheio de "lols" e "tudo bem" .
Quem precisa de amigos não é verdade?
Tenho chocolate.
E netflix.
E xvideos.

Sabes que és gay quando:

sábado, 23 de janeiro de 2016


Aproximadamente dez amigos te mandam este vídeo e dizem "isto és tão tu"
E tu te queres ofender imenso, porque ...não tens nojo de vaginas, e todo o conceito é ridículo, e aquilo foi exagerado para a câmara porque se eles fossem sérios não teria piada....mas lembras-te que tecnicamente nunca olhaste para nenhuma, mesmo aquela em que entraste em contacto.

London Spy

terça-feira, 12 de janeiro de 2016


Ano: 2015
Género: Drama, Crime, Thriller

Nesta minisérie criada pela BBC, Danny (Ben Whishaw), um jovem promiscuo e hedonista conhece Alex (Edward Holcroft), um génio matemático introvertido e rapidamente se apaixonam.
O que poderia ser mais uma série romântica abordando o cada vez mais desgastado cliché das dificuldades em ser-se um homem homossexual, sofre rapidamente um face volte quando ao fim de 8 meses, Alex é encontrado por Danny morto num cenário macabro.
Fica no ar a pergunta: Até que ponto conhecemos aqueles que amamos?
Em cinco episódios acompanhamos Danny na sua jornada tentando provar a sua inocência na morte de Alex , enquanto desvenda o seu verdadeiro passado.
É ajudado por um amigo de longa data, Scottie (Jim Broadbent), um antigo espião do MI6, por uma encruzilhada entre a verdade e a sobrevivência.

A ver se: Gostam de tensão psicológica.
A evitar se: procuram cenas tórridas de sexo e finais felizes ao som de bandas indie.

Classificação pessoal: 8/10

Por trás das apps

domingo, 10 de janeiro de 2016


Por causa do artigo no dezanove, sobre a mais recente adição à família de aplicações de engates encontros, um tal de happn, dei por mim a lembrar me da minha última incursão nas apps, já há um par de meses.

Mais uma sexta feira em casa sozinho, munido de chá ,séries e uma dose generosa de tédio, levou a que reinstalasse pela décima vez o hornet no telemóvel. 
Finalizada a atualização, uma maré de caras familiares preencheu o meu ecrã, como um jantar de páscoa em família, em que somos rodeados por familiares afastados que vemos ocasionalmente mas dos quais nem o nome sabemos. 
O tempo passa, mas as caras continuam as mesmas.

Esperei, qual leão atento a observar a presa. 
Porque eles vêm sempre, se esperares tempo suficiente. 
Fui, passados uns minutos recompensado por um alegre zumbido.
Atraí um rapaz magro. alto, olhos castanhos e sorriso reservado, orelha furada e casaco de cabedal na foto de perfil, deixavam-se acompanhar por uma citação de de um qualquer poeta descrevendo a beleza do amor, mentiras de engatatão barato, presságio da profunda conversa que se seguiu.

"Olá lindo, tudo bem? :)"
"Tudo, e contigo?"
"Também. Vou adicionar-te aos amigos aqui no chat"
"Okay, pode ser. que fazes por estas bandas?"
"Quero conhecer alguém especial, um namorado, e tu lindo?"
"Acho que queremos todos isso, não é verdade?"
"Mostras-me a tua pila? É grande? Gosto de paus grandes" 

Seria um grande imbecil se ficasse deprimido com a noção de um quase amor que não passou da virilha para cima, tendo em conta a quota parte de casos semelhantes que já por lá apanhei. 
Mas não é sobre isso que falo. 
Não é sobre a concentração de homens interessantes consoante localidade geográfica, ou sobre as técnicas impressionantes de engate que deviam entrar para a nova lei dos piropos, de tão grosseiras e más que são.

É mesmo sobre as apps.

Culpam-se os grindrs da vida. os manhunts. e as nossas fracassadas vidas amorosas são-no assim por causa dessas diabólicas apps.
Afinal, porque é que as apps - de "encontros" - não resultam?
Não podemos ser nós gays. 
Afinal, os héteros também as usam!
Não somos só nós, minoria autosegregada e apreciadora de - aparentemente - grandes pilas e divas pop. a maioria de indivíduos reprodutores também põe o seu pezinho pelo Tinder, Badoo, e até o polémico secondlove (o site para relações extraconjugais, que curiosamente até á presente data não aceita inscrições de homens que queiram ter casos com homens, porque é uma aplicação de valores familiares, mesmo no que toca a encornamento).

E indignamos-nos com a ideia de um preconceito cerrado, que nos digam que somos todos promíscuos e só queremos sexo...
E podia perfeitamente escrever aqui uma coisa toda new age, positiva com unicórnios e coelhinhos a dizer que é tudo um complô.
Culpar a astrologia, afinal Marte está em escorpião. É por isso. 
Culpar as condições económico sociais. Afinal, com os ataques terroristas, ninguém tem cabeça para relacionamentos sérios, e com a crise sai mais barato comprar preservativos que dividir despesas com o namorado.

O problema, é que...
Somos mesmo nós.
Dizemos andar atrás de príncipes em cavalos brancos quando saltamos para cima do primeiro boi cobridor que der mole.
Porquê?
Porque é mais fácil.
Ter uns rendez vous descomprometidos, Poder dormir com quem queres e não teres qualquer tipo de ligação ao fulano, é infinitamente mais fácil do que saltar para uma tentativa falhada de namoro - falando por experiência própria, não necessária, já que podiamos chegar a essa conclusão só com lógica comum, mas hey.
E nem há nada de errado com isso. 
O problema é que ninguém gosta de o admitir. 
Podem gabar-se aos amigos, fazer da vida sexual uma newsletter semanal, mas chegados ás apps, há todo um nevoeiro de hipocrisia em torno do assunto.
E é este o maior problema.
Encorajamos o uso das apps, não como uma ferramenta para conhecer pessoas e tentar algo mais do que tirar a cueca, mas como uma eterna muleta. 
Quando devíamos encorajar a ideia de inclusão acabamos por nos segregar escondidos por trás das apps, a combinar quecas semi anónimas enquanto fingimos todos ser cartazes ambulantes dos direitos maritais dos LGBT.
Como se admitir que se gosta de dar umas cambalhotas de vez em quando, seja pecado capital, e nós, lado rosa da força, sejamos umas virgens casadoiras do século XVII prestes a ser desonradas em praça pública por admitir que não queremos casar e brincar ás casinhas, que queremos só divertir-nos.
E as apps viram uma ajuda para o senhor casado que votou contra a co adoção, mas nos fins de semana combina encontros com homens de pila grande, embora "não seja gay".
Uma máscara para quem tem medo de ser segregado pelos conhecidos e exerce a sexualidade em segredo, 
E depois, enchemos o peito para bradar aos quatro ventos que as apps são as culpadas. que antes das apps não era assim. 
Quando nos esquecemos, que quem usa as apps... somos nós.
E enquanto não não mudar nada, venham as apps que vierem melhores ou piores que o grindr, vai ser sempre contra producente para tentar atingir a igualdade que tanto defendemos nas redes sociais.

Felicidade de ano novo

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016


É saber que toda a gente se anda a queixar das ressacas horríveis que ganhou da noite passada e de como tudo dói e soa demasiado alto
Enquanto eu bebi que nem um camionista, dancei e fiz karaoke até ás cinco e meia da manhã - a minha versão da Hello da Adele é digna de Grammy, já agora - e não tenho qualquer resquício de tal coisa.