Eu avisei

terça-feira, 30 de junho de 2015



Se há pequeno prazer doentio que assumo ter, é o de saber que tinha razão numa situação.
Talvez se deva ao facto de passar a vida a dar conselhos a toda a gente - tenho em mim uma costela de Ana Maria Braga - conselhos esses que tão rapidamente como me são pedidos, são descartados,
Talvez se deva ao facto de viver rodeado de gente teimosíssima,
ou talvez simplesmente ao facto de ter dentro de mim uma grande cabra.

A verdade é que nada se equipara àquele titilar mágico que se processa no meu hipotálamo, uma espécie de orgasmo cerebral, quando sei que as minhas cordas vocais vão produzir aquelas doces palavras - que arranjo sempre maneira de dizer:
"Bem... mas eu avisei-te"
acompanhadas de uma cara tão neutra quanto humanamente possível - porque o bom vencedor é aquele que sabe ganhar com pose - , enquanto mentalmente sorrio de satisfação.
Processem me,

"Aceitação"

sábado, 27 de junho de 2015


Hoje ligo o facebook, e toda a minha cronologia se tornou um arco-íris gigante.
Toda a gente celebra a aceitação "amor é amor" e o catano.
Acho bem, acho bonito, acho uma trend que até não tem assim tanto por onde largar as minhas incessantes reclamações, no que toca a movimentos de redes sociais.

Quando ia fechar a janelinha, pelo meio desta pride parade eletrónica, vejo alguém que aderiu ao movimento todo muito gay friendly, com discursos de aceitação e o diabo ao quatro, nada de extraordinário, não tivesse há umas semanas dito me muito indignado, que não entendia "esta moda agora de sair do armário", que era totalmente desnecessária e até um bocadinho incómodo.

Quando lhe perguntei porquê, assim já meio a ferver  - porque a minha costela hippie activista dos direitos humanos, embora não predominante inflama-se com imensa facilidade quando confrontada com bestalhagens destas. - disse-me que "não entendia a necessidade de fazer disso bandeira. Que alguns só o fazem para chocar."



Disse que não via a necessidade e achava uma chamada de atenções.
Quando forcei a barra e quis saber porquê, não me soube dizer concretamente, chamou-me agressivo porque comecei a explicar que era uma coisa pessoal e que cada um exercia como achava de direito, e que não tem que fazer sentido para mais ninguém para além da própria pessoa, e não temos que julgar ninguém por isso.

Acabou por me dizer que fico nervoso com estes assuntos - sem se aperceber que o que me deixa possidónio são exposições a altas doses de intolerância - e que me devia acalmar, porque não disse nada de mal.
Isto entra muito naquela onda do "seja gay, lá na casa dele, eu até aceito e aprovo, desde que não ande à mostra".

E se querem que vos diga, isto põe-me puta da vida.


Dou por mim a pensar, quantos dos adeptos do movimento da foto de perfil em arco íris, não terão o mesmo discurso, enquanto debitam doces palavras de igualdade nas amigas redes sociais.

E hoje, na américa, baniu-se a inconstitucionalidade do casamento nos estados onde ainda era considerado ilegal.
Por isso a partir de hoje em todos os 50 estados podem casar-se todos com quem quiserem.

É só isto.

Educação sexual para adultos - 5 dicas que vão mudar a sua vida seqssual

quinta-feira, 25 de junho de 2015



Nas escolas básicas, existe já desde os meus tempos, uma disciplina chamada educação sexual.
Para o mais leigo, à primeira vista, isto significaria uma educação nas artes da prática sexual.
Um livro com diversos capítulos subdivididos com diferentes cores, e com ilustrações didáticas, sobre a arte do fazer o amor, e pequenas curiosidades úteis sobre o assunto.
O que é que acontece na prática?
Aprende-se a colocar preservativos numa banana.

Porque toda a gente sabe que o tamanho médio mundial de pirilau é uma banana.
... Então e a educação sexual?
Sim, a Etiqueta na cama?
Como fica?
Não há.
Então, eu, como um bom querido que sou, resolvi realizar um pequeno update de competências, e elaborei um pequeno folhetim educacional, para aquelas pessoas que andam perdidas nestas coisas da arte debaixo das cobertas.

Gemer e gritar, com moderação
Dar uma queca, não é uma cave num filme de terror classe B. Sim, no porno as pessoas fazem muito barulho, mas na vida real é um bocado desconcertante.
Quando tens que perguntar se estás a magoar, the fun is gone.
Fica o mantra: Se o pau não entrou, a bicha não gritou.


Nem toda a gente adora sémen 
Então, meninos, isso que têm no meio das pernas? não é um sistema de rega, nem os vossos parceiros/as são a Cleópatra para querer um banho de leite.

Se é para lamber ou chupar, o melhor é lavar
Acho que falo por toda a humanidade quando digo que "gosto de ser surpreendido" não quero levar com cheiro salsicha bolorenta ou a bacalhau defumado.
Ninguém merece.
Gastem algum dinheiro num bom sabão, higiene nunca matou ninguém.

Não às comparações

"Ai o caramelo fazia assim, e assado".
Ninguém quer saber como o seu ex fazia o amor.
Isso é literalmente a coisa mais corta tesão que existe neste planeta.
Se queria estar com ele na cama, telefone-lhe e desampare a loja.

Mentirinhas piadosas são sempre mau negócio
Aquele momento em que vos perguntam "então, gostaste?" é a altura em que têm que ser o mais honestos possível.  (não, não precisam de dizer "uh, tens a pila pequena", não sejamos extremistas)
Se disserem "sim, adorei" arriscam-se a levar com mais uma dentada nos países baixos, a serem chamados "sua vaca leiteira" , ou qualquer outra coisa imbecil que a outra pessoa fez a pensar que vocês fossem gostar a meio do acto, porque disseram que tudo está maravilhoso e perfeito com pena de ferir sentimentos.

E nem me façam começar com a conversa de fingir o orgasmo - e sim isso acontece de ambos os lados da barricada - , porque isso é todo um universo de contra produção inimaginável.

E com isto mudo as vossas vidas permanentemente, sejam vocês amantes experientes, ou apenas pobres almas iniciadas, sigam estas dicas e forniquem, quais coelhos em época reprodutiva.
E vão ver:

Agora digam-me vocês:
Que dicas adicionariam a este manual?
Já vos aconteceu alguma situação das descritas?

O tempo certo existe?

terça-feira, 23 de junho de 2015



Nestas coisas dos amores e desamores, temos todos pontos de vista diferentes, por isso deixo em aberto a pergunta - e porque não tenho tempo para acabar os outros posts que comecei:
Quando conhecemos alguém, existe um tempo certo  para se continuar a ver outras pessoas, algum período mínimo?
Como procedem/iam vocês?
Dedicam-se logo a uma pessoa exclusivamente, ou vão saindo com várias enquanto "sondam o terreno"?

Homofobia na internet

domingo, 21 de junho de 2015



Cada vez que algum site noticioso publica uma notícia de indole LGBT, eu fico ligeiramente confuso. Todos eles homens e mulheres de família, adeptos dos mais elevados costumes e donos de uma sexualidade muito bem resolvida - A L E G A D A M E N T E -, Amontoam-se como abutres na carcaça, prontos a tecer comentários sobre os maricas e as suas mariquices, com de piadas gratuitas - admito que os melhores trocadilhos que já vi com bananas vieram destes poços de sabedoria suburbana - e cheios de teorias de conspiração, porque como toda a gente sabe, nós estamos a organizar uma tomada de posse a nível mundial, estamos a contaminar a água com a nossa virose, e dentro de dez anos, as bichas dominarão o mundo ao som da Valesca Popozuda.

Não é novidade, e nem vai deixar de se passar, mas não deixa de ser curioso, ver que as pessoas que - A L E G A D A M E N T E - menos querem saber do assunto, e que só pedem que não os incomodem com essas coisas, saltem logo para a caixa de comentários cada vez que um gay se casa, alguém adopta, ou há uma marcha de orgulho gay - o exemplo mais recente.

Se não lhes interessa, se os incomoda, porque perdem tanto tempo a ler e comentar em catadupa notícias do género?
"Estamos num mundo livre, temos direito à opinião", diz um dos muitos queridos como que respondendo à pergunta que não cheguei a fazer.

É muito errado se eu disser que isto me cheira tudo a um bando de bichas reprimidas que vão á noite ver porno gay BDSM?

O que acham que motiva estes héteros bem resolvidos a debitar tantos hate comments?
Surpreendam-me.

cinema 4D...



...É ir ver um filme, e voltar para casa com areia nas calças.

Quem vê cara....

quarta-feira, 17 de junho de 2015


Já passei há algum tempo a fase da crença ingénua nas boas intenções românticas de quem anda pelas apps/sites de encontros e engates, mas há uma coisa que o meu pobre cérebro cansado não consegue ainda assimilar, por mais que eu tente.
Esta trend, de não se querer mostrar a cara.
Na minha cabeça, ainda se processa tudo um bocado á moda antiga, dentro dos mínimos possíveis. se me vou enrolar com alguém, quero pelo menos saber se tem os dois olhos, ou se é zarolho, se lhe falta um dente, ou se tem o nariz partido.

Se não querem meter no perfil, por questões de privacidade, ótimo, compreendo, mas quando vêm meter conversa com uma pessoa, é porque querem dar umas cambalhotas, ou no mínimo marcar um café.

E se marcam qualquer coisa, ou engatam alguém para uma coisa de uma noite, fazem como? põem um saco na cabeça a noite toda?

Depois quando perguntas por foto de cara, levas um bloqueio em cima, e um silêncio críptico.
Não é como se te estivessem a pedir a conta bancária.
Não tá fácil para o gay moderno.

nerdices

terça-feira, 16 de junho de 2015



A minha cara a ver isto:

Mais uma aventura da amiga Lara Croft para juntar à colecção.


Os gays e o corpo de praia

segunda-feira, 15 de junho de 2015


Pode chover lá fora, mas já é oficialmente Verão.
E com isto, todos piram.
Ele é depuralina, dieta do chá, séries de squats, abdominais e flexões, tudo para mostrar que têm menos gordura no corpo que um bife de avestruz - que é a carne mais magra de sempre.- e pisotear o areal com os trikinis da calzedónia e os calções de banho de 50 euros da o'neil, quais Gisele Bündchen.

O que vocês, comuns mortais não sabem, é que na gaylândia, é sempre Verão, mesmo quando estão -10ºC e andamos na rua com gola alta e casacão, e a única ocasião em que vão à praia, é se uma baleia morta der à costa, para ir ver e tirar selfies #bichaamigadoambiente.
Ele é batidos de proteinas, aulas de zumba, crossfit, desafios dos 30 dias, ginásio, dietas low carb, até ao professor Karamba se vai, tudo vale para ser uma "guéi" fit.
E mesmo assim no fim, ainda há direito a um "estou uma lontra prenha, tenho de cortar nos doces"

E eu, como bom anormalóide preguiçoso que sou esqueço-me disso e continuo no meu plano intensivo de treino á base de comer quando tenho fome e usar muito o sofá para fortalecer os glúteos até volta e meia, alguma bicha ressabiada fazer o favor de olhar para mim e mesmo que eu esteja no meu peso ideal e sem pneu ou derivativo me dizer "olha, tás mais gordinho, mas até não te fica mal!"

Digam de vossa justiça:
Qual foi a tentativa mais desesperada que já fizeram para ter um "corpo de praia" em pouco tempo?
Eu já tentei fazer aquele "desafio dos trinta dias de treino do core body" ...que durou 4 dias.

Inesperados


Qual foi o último inesperado agradável que vos aconteceu?

O Misterioso

domingo, 14 de junho de 2015


Farto de conhecer marmanjos de outras freguesias, que faziam a minha gasolina evaporar-se ainda mais depressa que a minha paciência, optei pelo plano de ação mais racional, e limitei-me a procurar pretendentes na minha zona de residência - o que me levou a conhecer um rapaz muito simpático que encorna o namorado, mas só aos fins de semana, e um senhor de 60 anos chamado Armando que devia ir ao dermatologista verificar aquele sinal estranho que tem na pila, antes de lhe voltar a tirar fotos. - Até o conhecer.

Misterioso e calado , chamou-me o interesse como uma traça à chama.
Combinámos um encontro, fomos comer um gelado, e depois de percebermos que moramos a 5 minutos um do outro, conhecemos algumas pessoas em comum, fizemos o que qualquer pessoa responsável faria, e acabámos na marmelada à luz da lua.

Continuámos a falar e a combinar ocasionais encontros, eu todo em chamas de desejo ardente, pronto para lhe fazer uma limpeza ao estômago pela laringe, e ele sempre naquele tom blazé que tantas cuecas molha já desde os primórdios da arte da corte.
No fim das contas deu-me acesso ao cofre forte - se é que me faço entender - e resolvi atribuir-lhe esse desapego a uma timidez inicial, porque nem toda a gente encarna a pomba gira com a mesma naturalidade que eu, não é verdade.

E tudo corria sobre rodas, até termos subitamente saltado do divertido ambiente de conquista e charminho sedutor para consultório médico patrocinado pelo calcitrin dos programas da manhã,em que eu era o doutor designado, e ele a octogenária que queria saber se comer beterraba tingia o xixi de vermelho - e nem estou a inventar, esta pergunta foi textualmente feita - e em que ele me contava como tinha muitos "problemas complicados" e - supostas - tendências suicidas.

Sabem quando bebem uma garrafa de vinho tinto a ver pela milésima vez o diário de Bridget Jones - o original, nunca a sequela pavorosa - , e depois do filme acabar imbuídos de motivação alcoólica chegam à conclusão que é a altura ideal para aprender a fazer aquele puzzle de mil peças com dois ursos polares num iceberg que a vossa tia avó Gertrudes vos ofereceu há uns anos atrás, mesmo sabendo que estão com a coordenação motora de uma lontra prenha numa onda de calor?

(não? só eu é que faço isso? oh well)
Eu faço as minhas escolhas romântico/sexuais nos mesmos moldes que monto esse puzzle hipotético.
Toda a gente sabe que o puzzle vai acabar mal montado e sem peças, mas o meu cérebro diz "Oh, mas tu fazes as coisas diferente. Tenta" o que dá sempre valente cagada mas não me impede de tentar.

Na minha cabeça, a lógica era "se continua a vir interagir com a minha pessoa, e a remarcar encontros, deve estar interessado", e faz sentido, digo eu.
Então, pimbas, lá virei o ouvido amigo, com aquela noção imbecil de que "é das dificuldades que nascem os amores mais lindos"  ou outro chavão idiota de um filme da Jennifer Love Hewitt.
Acabámos eventualmente por combinar outro encontro, sempre depois do meu trabalho, quando a lua ia alta no céu.
À medida que os encontros se sucediam, ele tornava se mais e mais distante, e sinceramente, eu sou paciente mas não sou a madre Teresa, por isso, quando me levou para um lugar remoto com vista sob a cidade, despiu a camisa e me disse para irmos para o banco de trás, não seria de admirar que todo eu tremelicasse de emoção por todo um cenário romântico a desenvolver-se [muito]lentamente.

...Acho que nunca me tinha ocorrido o quão difícil é manter uma vibe romântica com alguém, quando recebes ao pormenor informações sobre o transito intestinal da pessoa - acredita em mim, se há coisa que nem as luzes da cidade conseguem apagar da tua memória é a menção de diarreia explosiva - , seguido de um detalhado relato de todos os problemas do dia lá no escritório, e queixas de como anda muito tenso ultimamente.

Depois, qual homicida determinado a trucidar qualquer centelha de erotismo que ainda existia, disse-me muito sério, olhos nos olhos, lábios quase a tocar-se
"consegues por-me de pau feito? Hoje de manhã finalmente acordei de pau feito,mas já se foi a vontade toda" 
- o que é obviamente o sonho de qualquer pessoa, um "olha, não me estás a dar vontade" - , encostou a cabeça no meu ombro, depois de vermos que não havia volta a dar naquele departamento - mais murcho que uma courgette fora de época, diga-se de passagem - , ligou o grindr e pôs-se a conversar com rapazes das redondezas, com direito a elogios e trocas de fotos, enquanto eu olhava pela janela à procura da câmara dos apanhados.
Acabei por, no auge do meu constrangimento, lhe dizer que queria ir para casa, não sem antes levar com o brinde, dito em voz velada e olhos nos olhos, qual Don Juan.
"Eh, ando a sair contigo porque és um rapaz simpático, mas a verdade é que eu e o meu namorado estamos num impasse, e ainda não sei se acabámos ou não, e sinceramente não quero acabar com ele. É por isso que ando com esta ansiedade e diarreia - porque eu tenho mesmo que saber como o intestino dele funciona, até a levar uma tampa."

No dia seguinte mandou-me mensagem a dizer que não estava pronto a conhecer pessoas novas - o que geralmente se diz antes de ter contacto com os genitais das pessoas, digo eu, cortesia comum - e a agradecer-me o gelado que lhe ofereci.

Pelo menos é bem educado, não é?

Sexo vende, vende vende!

sexta-feira, 12 de junho de 2015


Até eu que sou gay vi isto e pensei "amiguinho, calma aí na apelação."
(E não me venham com mimimimimis, que fazeres um video a simular uma queca com um padre é baixo nível, seja qual for a tua orientação, tá?)

Ser a outra, é vocação?

quarta-feira, 10 de junho de 2015



Quando comecei esta "coisa" dos encontros há uns anos atrás, ia todo eu, qual bambi desajeitado, com uma mala cheia de sonhos e uma cabeça cheia de vento, convencido que toda a gente tinha como eu altos padrões de moral e idealismo, adquiridos nas longas horas de visualização de milhares de chick flicks e novelas da globo.

Para mim, traição era uma coisa vil e inimaginável que só pessoas más e sem carater fariam, e geralmente nunca diziam ao/à amante, que era tambem uma vitima no meio disto tudo, sempre arrastada para o meio de um turbilhão emocional do qual não podia sair sem um coração partido - volto a relembrar que os meus role models da altura eram as novelas da globo.

Não seria de admirar que quase tivesse entrado em falha renal quando recebi a primeira proposta para ser "a outra" - pessoa portanto - uma espécie de:
"Tu és diferente, vamos ter uns bons momentos - porque há sempre uns bons momentos nestas coisas, devem pensar que a minha pila é um kinder bueno - divertir-nos e aproveitar, ele não tem que saber"

Rodei a baiana, fiz um drama e quase perguntei "POR QUEM ME TOMAS?" e fui para casa sentir-me mal, porque obviamente na minha cabeça a culpa era minha, e nem cheguei a comentar com ninguém tal era a nuvem de desonra que pairava sobre a minha cabeça.

A verdade é que propostas do género acumulam-se com o passar do tempo - sempre cheias de sigilo e promessas de romance de botequim -  e embora a minha resposta seja sempre a mesma nega redonda, o choque já lá não está.


Comecei no entanto a aperceber-me ao longo dos anos, em conversas com amigos e conhecidos, que nem toda a gente pensa como eu.
Há quem não ache errado ser "a outra". Há até quem ache que é a melhor maneira de proceder, e os argumentos desmultiplicam-se. É porque o namorado não é teu, não estás a fazer nada de mais, ou porque é muito mais excitante envolver-se com homens comprometidos, ou porque dá menos trabalho lidar com um comprometido, diz que até dá tesão à coisa, saber que está a comer o que é de outra pessoa.

Não vejo pessoalmente lógica nenhuma em começar a sair com uma pessoa que tem já namorado, porque não costumo ir comer migalhas ao pacote de bolachas da vizinha né, mas já não acho que seja tudo tão preto no branco.

Fica aberto o debate, como diz o próprio título:
Ser a outra, É vocação?
Ou será só preguiça de arranjar homem?
Surpreendam-me.

PS: Juro que quando arranjar tempo vos respondo aos comentários e vos leio os blogs, ando a rodopiar mais que um tornado.


Depois de um reencontro estranho com mais uma tentativa de romance falhada, dou por mim a pensar que se calhar as intenções que tenho na cabeça, e as que passam cá para fora são duas coisas diferentes, como se o meu cérebro fosse o google translator, e fizesse vezes e vezes sem conta, traduções erróneas, acabando à procura de parafusos numa farmácia.

Sabes que és gay quando:

sábado, 6 de junho de 2015



... Resolves ir sair para dançar, depois de semanas de isolamento social, todo tu sensual e irreverente, com direito a rebolation e semi twerking - estava cansado do trabalho, um semi já é ótimo - te apalpam o rabo numa discoteca e ficas ligeiramente desiludido quando reparas que foi uma rapariga qualquer (e não o amigo giro e alto dela).

Casamentos

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Com o sim da irlanda - que foi um marco, tendo em conta que a população votou, na sua maioria a favor do casamento gay - aragens românticas apoderaram-se de mim, e agora, com o aproximar-se das noivas de santo António, referido volta e meia nas TVs Portuguesas, foi inevitável para mim ponderar o assunto.

Casamento nunca fez da minha imaginação, e muito honestamente não sei se alguma vez quero pensar nisso em termos práticos, mas como nasci com uma cabeça cinematográfica, acabei a fazer um filme do meu casamento imaginário, sem qualquer base de comparação concreta, porque verdade seja dita nunca fui a um casamento gay - dizem as manas que é tudo coisa chique e cheia de dress codes e saquinhos de oferta.

Como quem tem vontade de jogar conversa fora, digam-me:
Têm algum conceito de "casamento de sonho?"

Como ter um homem na mão - Figurativamente. Isto não são as dicas sexuais da revista Cristina.

quarta-feira, 3 de junho de 2015


Lembro-me de ainda nos meus primórdios de pré adolescência, ouvir dizer
"fazer-se difícil é a melhor estratégia para ter um homem a comer na tua mão".
Todo um conceito de girl power, que eu como boa pré bichinha em germinação que era,tatuei no meu cérebro.
Quando chegou a altura de o por em prática no entanto, a coisa descontrolou-se um bocado, por entre um remoinho de roupa no chão e óculos no lavatório e muitos beijos, e todo o plano de bancar a "boa moça" foi pela pia.

Depois de muitas quebras de coração, e camas desfeitas, aborreci-me de tentar ser difícil, porque para mim, começava a parecer que relacionamentos gays eram como os ovos kinder, mal tinham o brinde acabava-se a brincadeira, e adoptei a estratégia de liberar geral. Afinal, a vida é só uma, e se for para morrer encalhado, por falta de tentativa e erro não há de ser.

O que para mim fazia imenso sentido, porque a minha força de vontade nessa matéria é tanta quanta a resistência de uma braguilha fechada.
Contudo, na minha cabeça ecoava aquela sabedoria popular, um legado de como ter um homem na mão, sem implicar ter efetivamente uma parte dele entre os meus cinco dedos com alguma fricção pelo meio, mais um sentido metafórico de controle romântico.
Ficou o mito inalcaçável só possivelmente comparado com aquele de seduzir um homem pelo estômago - que também tentei, ao fazer compota intragável, que como todos sabemos nunca poderia dar bom resultado.

Os anos foram passado, e comecei a reparar no entanto, que a forma mais fácil de teres um homem a comer na tua mão -  e noutras regiões anatómicas, let's be honest - passa por uma única palavrinha monossilábica.
NÃO.
E isto acontece sucessivamente, porque posso ser fácil, mas não sou raspadinha, volta e meia tenho que dar uma bela nega. Um bom "Desculpa, não quero" ou o sempre apologista, "compra nívea e vai ao Xvideos".
A partir do segundo em que abro a boca para dizer a um fulano qualquer que não estou interessado, parece traça na lâmpada, me manda mensagens, liga a horas indecentes e foca uma boa centelha de energia em mostrar-me de todas as formas e mais alguma, como seria a queca da minha vida - coisa que já ouvi textualmente.

Juro que não entendo bem qual é a causa, talvez seja psicologia de reversão, ou complexo predatório, complexos de abandono, falta de noção e contexto, ou simples dificuldade em ler e analisar problemas matemáticos.
Mas como isto não é o MIT e não vamos fazer um estudo cientifico do caso, fica apenas a informação.

Jovens bichas iniciadas, esqueçam tudo o que ouviram.
Se querem ter um homem na mão, basta só dizer-lhe que não.