Depois de duas temporadas de Queer as folk

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016



Ainda não tive overdoses de ecstasy, não fui a nenhuma orgia com máscaras, fiz swing, fiz porno (caseiro, por cam ou profissional), nem engatei quatro garanhões num bar para um gangbang.
Começo a achar que me inscrevi no balcão errado, porque o meu lifestyle gay é tremendamente aborrecido por comparação.


A melhor coisa do dia dos namorados...

domingo, 14 de fevereiro de 2016

É que no dia seguinte, o chocolate baixa de preço.

Sozinhos

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016


Domingo é o dia de São valentim, e como tal, resolvi mandar a minha posta de pescada.
Quando dei por iniciada a jornada de jovem solteiro, vim com uma ideia predefinida - e particularmente idiota - de que ia ser tudo uma diversão despegada.

Que os sábados à noite iam ser passados num qualquer oásis paradisíaco com horas de dirty dancing na pista de dança e imensos orgasmos aptos a fazer Samantha Jones e Hank Moody -para quem não sabe, Sex & The City e Californication, respectivamente - Corar.
Toda uma montanha russa de homens maravilhosos bonitos e interessantes prontos a pagar-me jantares só pelo prazer da minha companhia, e a cortejar-me como se fosse o último pacote de oreos numa convenção de comedores compulsivos.

A realidade atingiu-me no focinho como uma toalha molhada estendida ao vento na sibéria, quando me apercebi que uma grande parte dos meus sábados à noite envolviam maratonas de séries, pipocas e chá.
Como substituto dos orgasmos, tinha sempre a regular tablete de chocolate em promoção do pingo doce, e no lugar de  todos os homens lindos e interessantes, a pagar-me jantares que imaginei, tinha o rapazinho estrábico da peixaria do Lidl a tentar saltar-me para a cueca, ou o ocasional casanova que se esquecia da carteira na altura de pagar a janta.
A saturação imiscuiu-se num canto abandonado da minha consciência e cheguei ao eterno chavão.
"Não preciso de nenhum homem"
... E depois de uma das muitas fases de libertinagem, percebi que o reverso da moeda era assustadoramente evidente, e afinal, nenhum homem precisa de mim.
E aquela noção de rejeição tão óbvia caiu-me pior que um mergulho no mar depois de almoçar num all you can eat de picanha.
Afinal, depois de um certo número de encontros furtivos sem qualquer tipo de ligação, percebes que estar sozinho, mais do que uma jornada de autoconhecimento e crescimento pessoal pelo mundo - o que supostamente acontece quando não és uma bicha pobre, como eu - , segundo o que dizem os livros de auto ajuda, é - muitas vezes - um grande tédio.
E passando pela espiral dramática que é a minha imaginação, percebi que temos todos um bocadinho de medo de estar sozinhos.
E corremos atrás de pessoas que não nos respeitam, mantemos-nos em relações que não nos realizam,
não aguentamos um término sem pular imediatamente para a próxima, ou saltamos de cama em cama, tudo porque a noção de estar só é por si só avassaladora.

Porque temos tanto medo de estar sozinhos?
Também tiveram um eventual choque com a realidade, ou fui só eu?

Está aberto o debate.

Converti-me a Jesus no trumps

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016


... Ou ao menino de olhos azuis vestido de padre sexy que lá estava no sábado.
Se por algum acaso macabro estás a ler isto, Amen brother.

Cidadãos de Segunda Categoria

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016


Hoje, folheando os blogs, lembrei-me de quando no More- deviam ir também, ele até fala de coisas interessantes - se perguntou se sentíamos a necessidade de nos assumir ou não no ambiente de trabalho.
Isto lembrou-me uma história que aconteceu há uns meses.

Como todas as histórias interessantes, esta começou depois de uma salada de batatas, no jantar da empresa - Se soubermos que a vodka é destilada a partir da batata, não deixa de ser verdade. - ... ou sete. Não sei, era open bar, deixei de contar as "saladas de batata " a certa altura.

Rapidamente entrei na fase Quenga, sabem bem o género: Visão toldada, libido em alta, e discernimento zero, aquela sensação extasiante de quem vai comer até o barman zarolho, porque o espelho reflete um garanhão sensual e pujante, irresistível aos olhos de qualquer mortal num raio de cinco quilómetros.
Como seria de esperar nessas condições, acabei por me enrolar com um moço na pista de dança de uma discoteca "hétero" - que sinceramente me começa a parecer uma diferenciação ridicula, porque a discoteca não tem sexualidade - , sem grandes pudores, afinal, não estava a fazer nada de propriamente errado - afinal quem nunca - e nessa mesma pista de dança, a alguns passos, um colega meu fazia precisamente o mesmo com uma rapariguinha aleatória.

O post agora poderia contar de forma rocambolesca e divertida como tive uma one night stand com o rapaz e depois quase morri de constrangimento quando o efeito da bebedeira passou a meio do acto e vi com quem me tinha enrolado, mas não é essa a ideia.

Retrocedamos novamente até à pista de dança, onde estávamos os quatro alegremente na marmelada, eu com um rapaz e o meu colega com uma rapariga. no meio deste cenário sinto uma mão agarrar-me firmemente no ombro, enquanto  um dos meus colegas nos separava, e dizia para "nos controlarmos".
Eu, que até nem sou particularmente exibicionista, em condições normais, acedi por uns segundos, culpando a bebida.
Afinal estávamos aos beijos em plena pista de dança.
Sentei-me com uma bebida na mão, enquanto o meu par se afastou até ao wc, e num acesso de lucidez, olhei em redor.
No mesmo lugar exato continuavam o meu colega, e a sua amiga alegremente aos beijos e esfreganços descarados.
E ficaram nisto mais um bocado, sem uma única pessoa se dirigir a eles e dizer para "se controlarem".
A única diferença para o que se estava a passar entre eles e nós, uns momentos antes, era a existência de uma vagina na equação.
E sabem o que aconteceu?
Dentro de mim, toda uma revolta incontrolável incendiou-se - provavelmente ajudada pelo álcool no meu estômago, que dava para abrir uma destilaria. - com o preconceito velado.
Podia ter começado uma discussão.
Podia ter dado uma lição de moral ao rapaz que nos foi separar.
Em vez disso, qual cabeça de fósforo que sou, fui cambaleante buscar o outro desgraçado que estava a beber um gin no bar, arrastei-o até à pista de dança e, qual grito do Ipiranga , preguei-lhe um beijo enorme, digno de cinema - porno é cinema também, okay? - e dançamos desajeitadamente, em celebração daquela recém forjada liberdade - em retrospectiva, talvez ele só tenha dançado porque sabia que íamos acabar nus naquela que rapidamente se tornou na one night stand mais estranha de toda a minha vida, mas não divaguemos.
E isto não é uma lição de moral.
Ou talvez seja, não sei.
Ninguém tem que exibir a sua sexualidade.... Mas porque temos que a esconder?
Só beijar em discotecas gay e dar a mão em sítios desertos,ou no cliché do escurinho do cinema, pode ser mais confortável, mas Somos nós cidadãos de segunda categoria, para nos limitarmos a fazer as coisas mais mundanas apenas em ambiente específico controlado?
Para não chocar ninguém?
Onde está a igualdade nisso?

A vida é um livro

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016


Esqueceram-se foi de dizer que vem em braille, e não sabes o que vem a seguir só de olhar.